quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Um tributo a pureza

       Um dia perguntaram-me: "sabe aquelas noites de frio que o vento corta a pele como navalha e a sua garganta reclama de tanta serenidade onde o maior consolo é o bar e o vinho?" Respondi que não, as noites de recife são quentes e fedorentas, aquece meu corpo e embebeda meu espirito de velocidade. O cheiro branco enfileirado do espelho dos banheiros podres,  organiza como maestro os instrumentos da minha noite, minha garganta pigarreia e o valor que dou a matéria me embriaga.
      Sofro calado esperando a inercia dos movimentos circulares se confudirem no espaço e proseguirem aleatoriamente na minha mente nesse instante, me bate um embrulho uma ânsia de vômito, que calo empurrando com um gole de cerveja e penso ainda estou vivo pulsando me derretento junto com  o suor que cai do meu rosto, logo bravejo " calor do caralho".
       Sinto o cheiro do mar, o gosto da maresia e o perfume de uma bela morena a rodar nas ruas de pedras negras, tambem vejo o suor escorrer pelo seu corpo vejo tudo aquilo como um poeta que sente nojo da beleza permeada de cotidiano  de sua mãe ou da sua terra ou dos dois.
        Agora o ardor do gole de cachaça me faz pensar na dor de não participar do que é meu por direito chego ao meu climax íntimo agora lembrando do que me fala meu amigo Herman Hesse da beleza madura juvenil de se apropriar do mundo ao seu redor, ou melhor sentir-se o próprio mundo mesmo que afundado num bom Malbec. Ainda caminho louco caro leitor, ainda sou louco, louco por me afastar do que não penso e de ficar junto de minha reflexões transfiguradas em conclusões, o que digo é massante o ruminar mas quem conhece as noites quentes desse lugar sabe que é perigoso misturar-se.

Um comentário:

  1. Eu me rendo ao texto, eu me rendo a trama, eu me rendo a lama, eu me rendo a fama!

    beijos Ana Paula

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