terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Pílula II

Oh! flor
como sou pequeno só
sem você!
Oh! que dor.
Senti um Horror.
Sozinho estou
Sem meu amor.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Insônia


Esqueceram de embutir culturalmente a estupidez da vida;
Compre um carro,
ganhe dinheiro,
Faça sexo papai e mamãe duas vezes por semana;
tenha um emprego,
beba cerveja
e espere Jesus voltar;
Estou farto de não conseguir dormir;
Ninguém quer ver minha cabeça.


Plínio Azevedo

domingo, 25 de setembro de 2011

Pessoas habitadas



Estava conversando com uma amiga, dia desses. Ela comentava sobre uma terceira pessoa, que eu não conhecia. Descreveu-a como sendo boa gente, esforçada, ótimo caráter. "Só tem um probleminha: não é habitada". Rimos. É uma expressão coloquial na França — habité — mas nunca tinha escutado por estas paragens e com este sentido. Lembrei-me de uma outra amiga que, de forma parecida, também costuma dizer "aquela ali tem gente em casa" quando se refere a pessoas que fazem diferença.

Uma pessoa pode ser altamente confiável, gentil, carinhosa, simpática, mas se não é habitada, rapidinho coloca os outros pra dormir. Uma pessoa habitada é uma pessoa possuída, não necessariamente pelo demo, ainda que satanás esteja longe de ser má referência. Clarice Lispector certa vez escreveu uma carta a Fernando Sabino dizendo que faltava demônio em Berna, onde morava na ocasião. A Suíça, de fato, é um país de contos de fada onde tudo funciona, onde todos são belos, onde a vida parece uma pintura, um rótulo de chocolate. Mas falta uma ebulição que a salve do marasmo.

Retornando ao assunto: pessoas habitadas são aquelas possuídas, de fato, por si mesmas, em diversas versões. Os habitados estão preenchidos de indagações, angústias, incertezas, mas não são menos felizes por causa disso. Não transformam suas "inadequações" em doença, mas em força e curiosidade. Não recuam diante de encruzilhadas, não se amedrontam com transgressões, não adotam as opiniões dos outros para facilitar o diálogo. São pessoas que surpreendem com um gesto ou uma fala fora do script, sem nenhuma disposição para serem bonecos de ventríloquos. Ao contrário, encantam pela verdade pessoal que defendem. Além disso, mantêm com a solidão uma relação mais do que cordial.

Então são as criaturas mais incríveis do universo? Não necessariamente. Entre os habitados há de tudo, gente fenomenal e também assassinos, pervertidos e demais malucos que não merecem abrandamento de pena pelo fato de serem, em certos aspectos, bastante interessantes. Interessam, mas assustam. Interessam, mas causam dano. Eu não gostaria de repartir a mesa de um restaurante com Hannibal Lecter, "The Cannibal", ainda que eu não tenha dúvida de que o personagem imortalizado por Anthony Hopkins renderia um papo mais estimulante do que uma conversa com, sei lá, Britney Spears, que só tem gente em casa porque está grávida. Zzzzzzzzzzz.

Que tenhamos a sorte de esbarrar com seres habitados e ao mesmo tempo inofensivos, cujo único mal que possam fazer é nos fascinar e nos manter acordados uma madrugada inteira. Ou a vida inteira, o que é melhor ainda.

Por: Martha Medeiros
Fonte: Jornal O Globo

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Fala vida!!


Que diria a vida se pudesse falar dela?
diria:
amores e flores.
ventania e catastrofes
morte e desejo
maldade e sexo
calado escutaria.
descordaria, concordaria
daria um beijo nela
chamaria ela pra jantar
se ela tocasse violão
dedilharia miha infância
cantaria em versos
rápidos inocentes
singelos contraidos
póetico e sujo
adolescente e mesquinho
calado escutaria
sozinho comigo
concordaria discordaria
abismado com seu olhar
pensaria
fala vida, canta vida
me entorpece de esperança
ela pararia
emudecia
e voltava a ser paisagem do meu eu

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Venha de uma vez...

Escrevendo com a razão só por diversão deixando a frase me levar... Um dia desses, sol na cara, cabelo desarrumado, fui na casa de um amigo meu procurando diversão. Joquei xadrez, tomei vodca e tomei Haloperidol um farmaco utilizado com neuroepilético, isso mudou minha vida. Acho que estou precisando disso novamente. Onde estou? num crivo temporal de minha vida, que é so investimento. Esse ano muitas pessoas morreram ao meu redor, é inevitavel que eu elabore fluxos eletricos em meu cérebro, transformando o subjetivo em mim, em ideias que me atormentam, A morte. Não quero escrever uma poesia sobre a morte, isso seria como perder um jogo para esse caminho. Sou um Suicida em potencial diferente dos suicidas não dou cabo dessa subjeção, mas a navalha é sempre um convite*. Sinceramente, sem derramar melancolia, queria dar cabo da minha vida. Não pense caro leitor, que estou numa crise existêncial adolescente, o que penso é fruto de um momento morno da minha vida. Vida e Morte.Morte e vida. agora deitado olhando o teto vejo, que o que meu sopro de vida não ecoa no cosmo. Sou pequeno infinitamente pequeno diante da imensidão cosmica. Meu penis é um extensão desse cosmo, faço parte, mas sou parte Finita de tudo. 23 Anos. Quando me esvazio desse jeito percebo, que tudo que eu faço na vida é desproposital a minha vontade de me incluir nesse cosmo. Fernando pessoa, disse: " bateu em um muro sem portas, e cantou a canção do infinito numa capoeira e ouviu a voz de Deus num poço tapado..." ele ja se bailou com isso. Entendo perfeitamente essa devoção dos religiosos por Deus e pelo desejo egoista de ser salvo, é realmente desesperador acreditar que a morte é o fim. Mas infelizmente não creio Deus, nem em mim, nem em nada. o Alem de mim é o outro e o outro é intocavel. Trabalhar, andar de ônibus, usar a internet, tudo pra ganhar dinheiro e continuar vivendo, é evidente que travo uma batalha perdida declaradamente perdida contra a morte. Não escolhi ser Humano, se me fosse perguntado talvez seria um Grão de areia de uma rocha maior que a força do mar quebrou, mas nasci assim, meu propósito é morrer, é pra isso que nasci, pra morrer. Ainda acho um tormento viver na expectativa de não saber quando, nem como, nem porquê. Não sei viver um dia de cada vez, e sinceramente acho isso uma tolice. O dia é uma convenção humana. Oh morte, venha de uma vez...


*O Lobo da Estepe Herman Hesse

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Ferias de mim



Tirei ferias
de mim;
do medo da morte;
das Subjeções sexuais;
da metafísica.
Sou Atenas
edonista,
Alimentando sentimento de ferias
que são efêmeros como
fogo em palha
aproveito enfim,
um pouco,
além de mim
vejo beleza no
outro
no real
no mundo
no ao redor.
Tirei ferias
da minha cabeça
e da poesia
sou um,
além do milhões de mim que me habita
venci meu Lobo da Estepe*

*Hermam Hesse

quinta-feira, 16 de junho de 2011

E tenho dito...

 para confudir a percepção
 Ando meio desigado, Rita Lee

Ando
Meio desligado
Eu nem sinto
Meus pés no chão
Olho
E não vejo nada
Eu só penso
Se você me quer
Eu nem vejo a hora
De te dizer
Aquilo tudo
Que eu decorei
E depois do beijo
Que eu já sonhei
Você vai sentir mas
Por favor
Não leve à mal
Eu só quero que você me queira
Não leve à mal

domingo, 5 de junho de 2011

Prefiro Pessoas ainda.

Prefiro pessoas
imprevisíveis;
No instinto,
no que é Animal
racional;
Daquela que a qualquer passo,
tropeça e me faz rir;
Magoa-me e não diz:
Eu te amo,
sem a carga emotiva,
que insinceridade produz;
Eu te amo
vida minha;
Eu te amo.
como a vida pelo posto do ser, é minha,
Sincero,

um eu te amo metafísico,
longe das leis, da moral, do científico, do social, do político, do cultural...
Um eu te amo que faça juz
ao de que você diz para o sol
numa manha que começõu chovendo.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Deitado vendo as estrelas

Nunca vai ser tarde pra recomeçar,
pra deixar os outros
eu's sair;
e me ver desabrochando
em mim o eu;
existencialismo
é isso!
que penso eu
do meu existir?
se sou preconceituoso
com tantos eu's que existe em mim.
existencialismo,
disso que me ocupo,
ficar deitado sobre o braço
até ele adormecer,
e desejar a morte pra renascer;
nascer, viver, trepar, morrer;
renascer, reviver, retrepar, remorrer;
e a porta com um desejo ardente
pra ser aberta,
a fechadura, a tramela, o ferroho;
tudo isso pra sair de mim;
pra ser (o) outro
deitado vendo as estrelas
enquanto vou pro trabalho;
eu, eu, eu, eu
mim, mim, mim, mim
é do que me ocupo
renascer em mim.

sábado, 7 de maio de 2011

Escorpianos

Pelo, pele e suor;
e um estalido de irrealidade
num arrepio;
mas no mais 
tudo é real;
sobretudo carnal;
e o corpo;
dedos, peitos e desejo
tudo em movimento;
sexo não é estático;
sexo é movimento
andando ou correndo;
eu prefiro correndo
prefiro doendo;
unha, orelha e receio;
seio, seio, seio
pau, buceta;
outro suspiro;
outro arrepio;
cansaço;
enfim;
mas já?
de novo mais 
cabelo e desejo.



sábado, 30 de abril de 2011

AUTOPERDÃO





EU QUERO NÃO ME RESOLVER
NÃO CONCLUIR, POETIZAR
OS MOMENTOS BRANCOS DESSA INOCÊNCIA
FINGIDA, BANIDA, E DEMITIDA

SER O QUE RI DE TUDO
E AINDA ANDA DE CUECA
QUANDO ESTÁ SOZINHO
E CATA NO CHÃO
UM RESTO DE AUTO PERDÃO

SEGUE UMA VOZ: AH O CORAÇÃO!
NUM INSTANTE SE FULGURA
LÁ DO SER SÓ EMOÇÃO;
QUE DE RESOLVIDA TRAZ A VIDA

TODO O CORPO ME DOU,
NÓS, DO`S`AMO A TI
TAMANHA IMENSIDÃO

terça-feira, 26 de abril de 2011

....................................................

Pronto sentei, abri o World o que queres de mim?
Ser poesta? Again?
Esses seus versos são egoista, lixo sentimental;
Enquanto eu cativo e metropolita não tenho espaço nisso tudo?
Nesses devaneios masoquistas,
Estou quase começando a achar que voce não existe
Mas quer falar então fala PORRA;



Todo poeta tem uma dor;
Onde lhe doi a literatura;
Onde lhe doi a vida negra como as calçadas de pedras;

Enxarcado de sentimento e propensão;
Enquanto o mundo assiste televisão;
Enquanto o bloco de carnaval não passa;

Doi poeta, doi ver teus amores;
Afogados em cotidiano e modernidade;
Das mulheres só restará o perfume;
E das noites o estrume;

Por fim tudo morre;
A dor, o poeta, a literatura;
A morte da morte seria um alento até para ela;
OH MORTE! QUERO MORDER TUA LÍNGUA.

terça-feira, 1 de março de 2011

Enfim, as coisas.

Eu sou poeta das coisas
do infinito, dos olhares perdidos;
do livro não escrito;
do medo da morte.

Meus versos é a verdade 
por traz dos afetos;
o esquecimento pela pressa;
o eu te amo não dito.
Escrevo sobre o que não é falado;
do confuso no simplório;
doa atos humanos tentando
ser humano.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

E tenho dito...


Para confundir a percepção 
Jesus numa moto (Sá, Rodrix e Guarabira)


Preso nessa cela
De ossos, carne e sangue,
Dando ordens a quem não sabe,
Obedecendo a quem tem,
Só espero a hora,
Nem que o mundo estanque,
Prá me aproveitar do conforto,
De não ser mais ninguém.
Eu vou virar a própria mesa,
Quero uivar numa nova alcatéia,
Vou meter um "marlon brando" nas idéias,
E sair por aí,
Prá ser jesus numa moto,
Che guevara dos acostamentos,
Bob dylan numa antiga foto,
Cassius clay antes dos tratamentos,
John lennon de outras estradas,
Easy rider, dúvida e eclipse,
São tomé das letras apagadas,
E arcanjo gabriel sem apocalipse.
Nada no passado,
Tudo no futuro,
Espalhando o que já está morto,
Pro que é vivo crescer,
Sob a luz da lua,
Mesmo com sol claro,
Não importa o preço que eu pague,
O meu negócio é viver,
Sob a luz da lua...
Mesmo com sol claro...
Preso nesta cela...