sábado, 12 de janeiro de 2013

Infinito na ponta da caneta




A maioria das coisas que me ocupo
não tem solução;
E fico refém desse considerar
infinito;
Ao meu redor, só a poesia consola
se escrever fosse
minha terapia,
pensar demais
seria minha enfermidade;
Acompanhando meu penar,
vem essa solidão
que devora.
Não solidão física
tenho meus gatos aqui;
Mas pareço que estou só
no universo;
Flutuando entre o bla! bla! bla!
da televisão,
e a realidade seca
e taciturna ao meu redor.
A televisão vende uma beleza
inalcançável ate pra ela;
uma felicidade genérica
e maquiada;
Uma realidade
falsa e preguiçosa;
E eu engolindo
guela
abaixo
tudo isso;
Sou como uma folha
levada pela correnteza
de um rio;
Sou racional,
mas corro em direção
a multidão que caminha
e não olha pra traz;
Que caminha
sem saber onde vai;
Me vem ao amago
uma vontade de ser completo
mas ser completo é está morto;
Morro um dia por vez,
carrego uma doença
crônica,
chamada vida
e caminho para a morte
em passo lento
uma dia por vez
tendo alguns espasmos
de concretude
espaçados,
nesse caldeirão a fogo brando
chamado existir;
Seu eu fosse um Deus
a vida não seria assim;
Meu maior pesar
é minha cabeça
que não cabe no meu corpo.
nem no meu planeta,
nem em todo o existir;
Meu fardo é meu pensar.
insistentemente como um relógio
a me perguntar:
Que horas são?
O que eu sou?
E porque tente viver?
Existir é bem mais de que está aqui
de frente pro papel;
E a morte
enfim quando chegar,
deverá me chamar pelo nome;
Explicar-me porque infrutiferamente
jogo a rede sempre
do mesmo lado do barco;
Ou então emudecer de vez
esse espirito inquieto
que acredita
que o infinito cabe aqui
na palma da mão.